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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cuiabá merece ter o metrô de superfície (8jul2011)

Cuiabano de chapa e cruz (Edna Maciel Vilarinho)
4 Cantus


Há uma postagem no blog Com Texto Livre (ver aqui) que critica a escolha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para Cuiabá. Como parte da argumentação, o texto cita que um deputado com cerca de 50 processos por improbidade administrativa em andamento contra ele foi quem defendeu e praticamente impôs esse projeto.

O deputado Riva é velho conhecido do povo mato-grossense e não vou comentar sobre ele. Mas o autor da postagem no blog citado acima defende a opção técnica mais barata de se fazer os corredores de ônibus, designados como BRT.

Vendo ilustrações sobre os dois projetos, é claro que o metrô de superfície (VLT) é bastante superior em eficiência e conforto para os usuários. Cuiabá merece que se gaste um tanto a mais para se oferecer à população um transporte digno do seu crescimento.

As metrópoles brasileiras gastam muito mais para fazerem os seus metrôs dado o adensamento populacional já estabelecido nelas. Cuiabá ainda permite a visualização de alguns corredores que tornam mais factível essa obra. Em poucos anos isso será mais complicado.

A impressão que me ficou é a de que Cuiabá e os cuiabanos estão enquadrados numa segunda categoria, em relação às capitais mais conhecidas e suas respectivas populações. Nessas capitais, as soluções são mais caras porque os "especialistas" foram incapazes de projetar bem o futuro.

São Paulo demorou demais para começar a fazer as suas linhas de metrô. Se pensarmos da mesma forma que os "técnicos" em urbanismo paulistas o fizeram no século passado, optando por soluções paliativas, ficaremos com um monstrengo de breve obsolescência em mãos e, quem sabe quando Cuiabá estiver tão locupletada de prédios, casas, lojas e carros quanto o está São Paulo, aí quererão fazer metrô de subsuperfície, aí, sim, a um custo estratosférico.

A questão do custo a maior somente levanta uma questão: a fiscalização cuidadosa e séria das obras e das liberações de verbas, bem como dos agentes envolvidos com as mesmas: políticos, empreiteiros e servidores públicos que teriam possibilidade de se enlaçar em transações desonestas e corruptas envolvendo o dinheiro público.
Mas que o povo cuiabano merece um transporte moderno, confortável e confiável ligando os extremos da cidade ao centro e ligando Cuiabá e Várzea Grande, lá isso merece.

Chega de fazer "puxadinhos". As obras precisam ser radicais para se pensar num futuro de mais bem-estar para o povo, principalmente aquele que depende de transporte coletivo. Cuiabá não está crescendo somente agora, por causa da Copa 2014. Cuiabá cresce vertiginosamente desde o final de década de 1970, com a - infelizmente - predatória expansão da fronteira agrícola no estado. Mas é um fato a migração em massa de brasileiros de todas as partes para cá.

A cidade fica num entroncamento rodoviário para Rondônia, Acre, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal etc. Por aqui circula a produção de e para todos esses estados, bem como para os portos de São Paulo, Paraná, Maranhão e Pará. A tendência é a capital continuar crescendo em uma proporção absurda, visível a olho nu por seus moradores.

Quando amigos ou parentes vêm de outros estados para me visitar, surpreendem-se a cada viagem (elas costumam ser anuais, nas férias), percebendo que muito do que estão vendo não existia na visita do ano anterior. Minha mãe, por exemplo, que faleceu em 1989, fazia comentário desse tipo aqui em Cuiabá, ao me visitar, e também destacava essa característica cuiabana para o pessoal lá em São Paulo, sempre impressionada com o que via, comparando com o que ela via no seu entorno lá no interior de São Paulo.

Portanto, Cuiabá tem que se assumir enquanto uma futura grande metrópoles e tem que preparar infraestrutura para isso. Ou vão esperar por intervenções futuras, que deverão ser muito mais caras e que terão que deslocar comunidades inteiras (geralmente as pobres) para as obras necessárias?

Digo aos leitores que não moram ou não conhecem Cuiabá que essa cidade não pode ser subestimada ou vista como de segunda categoria.

Quanto aos políticos ou especialistas envolvidos na questão atual do VLT, todos têm interesses e envolvimentos deste ou daquele lado. Eu estou do lado do cidadão comum que transita por essa cidade. Esse cidadão comum tem que ter motivos de satisfação e orgulho com sua casa. Mais do que isso, tem que ter bons serviços de transporte, além de saúde e educação públicas, que também têm problema sérios aqui e merecem investimentos tão altos quanto a malha de transporte coletivo.

Essas fotos mostram a Cuiabá que encontrei quando mudei para cá:







Cuiabá era conhecida como Cidade Verde. Para onde se olhasse, o que se via eram árvores, tanto nas ruas quanto nos quintais das casas. Mangueiras, cajueiros em abundância. Mal se via as casas por entre as copas das árvores.


Com o passar dos anos, assim foi ficando Cuiabá:








Particularmente, prefiro a cidade como era, onde as relações interpessoais eram mais intensas, quando se conhecia quase todo mundo. Para quem veio de São Paulo e Rio, como eu, era curioso ver pessoas conhecidas na televisão. Tanto como era curioso dar de cara com o governador, o prefeito ou deputados e senadores em supermercados, restaurantes ou bares. Eu pensava: quando em São Paulo eu encontraria o Maluf andando assim num supermercado? Ou um Fernando Henrique (então senador por São Paulo) tomando um chopp com uns amigos, sem seguranças ou tietes, numa varanda de restaurante no centro da cidade, num domingo ensolarado?

Cabe ao cuiabano sonhar alto em termos de qualidade de vida, antes que isso se torne completamente inviável economicamente. A Copa tem sido um bom argumento para se alavancar essa qualidade.

1 comentários:

W Basso disse... [Responder comentário]

concordo, pensar em uma solução menor do que o VLT é acreditar que Cuiabá não tem potencial para ser uma cidade tão grande e moderna como qualquer outra, isso sim é um erro grotesco.