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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sábado, 10 de setembro de 2011

Intransigência deixa Israel cada vez mais isolado internacionalmente (10set2011)

Dueling banjos (Tradicional)
Eric Weissberg e Steve Mandell


Crise no Mediterrâneo: Israel x Turquia

Por Flavio Aguiar

Ministro de Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, fala em coletiva
sobre a expulsão do embaixador de Israel (Foto: ©Stringer/Reuters)

O primeiro ministro turco mandou o embaixador israelense embora. Já era esperado.

A mídia ocidental vem descrevendo essa crise como uma questão ligada ao possível domínio turco sobre o Mediterrâneo oriental, onde vicejam também (como no pré-sal brasileiro) fontes petrolíferas. A disputa seria, na verdade, com a Grécia, em torno da vizinhança de Chipre, ilha em que os dois países partilham soberania.

Israel também teria interesses na região, pela mesma razão, e apoiado por seu lobby junto aos EUA. Pode ser. Mas um grave problema internacional foi criado. O governo de Israel matou uma dezena de cidadãos turcos por causa da"flotilha da paz", em junho do ano passado. O governo de Tel Aviv pode alegar o que seja, mas não dá para fugir da questão.

A Turquia marcou um ponto ao exigir que o governo de Israel peça desculpas. Com isso, diante das mortes de civis, o governo de Tel Aviv, sempre na defensiva, fica com a pecha de ofensor. A ação do governo israelense diante da "flotilha da paz" é indefensável. O relatório da ONU a respeito é mais do que conclusivo. Foi muito simpático a Israel, ao dizer que o governo deste país tem o direito a bloquear Gaza (o que é discutível), mas condenou "o excesso" da ação israelense (o que é indiscutível).

A Turquia está reagindo à nova situação dos países da Liga Árabe. Na confusão reinante, a Arábia Saudita quer se colocar como a monitora da região, na debacle do Egito, que ainda não se sabe onde vai dar. Mas a Turquia pretende também colocar seus peões, torres, bispos e cavalos em cena. Não vai fugir da disputa com os sauditas, muito menos com Israel.

A pretensão turca, em relação à Arábia Saudita, preferida do Ocidente, que antes acolhia Gadaffi de braços abertos, assim como o rejeitava décadas atrás, tem um aliado poderoso na instransigência do governo de Tel Aviv, cada vez mais isolado internacionalmente: para citar provérbio brasileiro, é mais fácil que a cobra fume do que o governo israelense peça desculpas por qualquer coisa que tenha cometido  - e não importa se for uma atrocidade.

Às vésperas da Autoridade Palestina submeter a criação de um Estado para o povo que representa junto à ONU, essa intransigência enfraquece não só a posição de Israel, mas também a de aliados dos Estados Unidos na região, como é o caso da Arábia Saudita.

Publicado em 8 de setembro no Blog do Velho Mundo.

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