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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

domingo, 11 de setembro de 2011

Uma torre maior, a democracia chilena, foi derrubada em 11 de setembro de 1973 (11set2011)

A mídia colonizada faz hoje todas as reverências à tragédia de origem nebulosa do ataque às Torres Gêmeas (WTC), mas uma torre muito mais significativa para nosotros los sudamericanos foi destruída nessa mesma data. A torre da democracia chilena.


As origens desse ataque não são tão nebulosas assim. O presidente eleito democraticamente Salvador Allende, disposto a implementar no Chile políticas sociais acentuadas, e contrariando os interesses de Washington, que tinha outros planos para o seu quintal, a América Latina.


Com apoio decisivo dos Estados Unidos, um general deu concretude a um ataque que foi armado pelos interesses do mundo capitalista. Esse tal general atacou a capital chilena com infantaria e força aérea, prendendo, matando, torturando e fazendo-se sabe-se lá quais atrocidades mais contra o povo chileno.


A torre Allende preferiu uma morte digna a um acordo que humilharia a dignidade e a democracia tão caras ao povo chileno. Morreu no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno. Uma morte que fica perpetuada na memória do mundo como exemplo de amor à democracia.


Allende proferiu suas última fala ao povo chileno pelo rádio:
Colocado numa transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo: tenho certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderá ser extirpada definitivamente. Trabalhadores de minha Pátria! Tenho fé no Chile e em seu destino. Outros homens se levantarão depois deste momento cinza e amargo em que a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, bem mais cedo do que tarde, vão abrir-se de novo as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
Hoje podemos ver quão duradouras são as reformas neoliberais implementadas pelo tal general, que permaneceu no poder por muitos anos. Ele comandou um regime de terror.

Muitas pessoas veem o Chile como exemplo de desenvolvimento entre os países sul-americanos. O Chile é um país rico em alguns recursos minerais altamente interessantes aos países desenvolvidos.

O povo chileno, visto também como um povo altamente politizado, demorou décadas para começar a reagir e tentar retomar o pulso de seu destino. Agora luta para desmanchar consequências das políticas conservadoras. Uma delas é a que diz respeito à educação, que passou, como nos demais países onde se aplicou a receita neoliberal, a ser uma mercadoria, fonte de lucro.

Mas o que importa hoje é homenagerar Allende e não ficar tão "encantado e dolorido" pelas torres gêmeas. As torres gêmeas já geraram centenas de milhares de mortes pelo mundo, na "gurrra ao terroristmo", ou no terrorismo de Estado desencadeado pelos Estados Unidos.

Allende gerou uma mensagem tanto pelas suas falas quanto pelo exemplo de entregar sua vida. Mensagem de esperança, consciência, luta. As mortes posteriores à sua morte foram produzidas, e em grande quantidade, por aqueles que o depuseram.


O povo chileno pagou caro pelo golpe de Estado do tal general.


Agora começa a cobrar a fatura. E deve cobrar caro também. Nada menos que isso.

11 DE SETEMBRO É PARA SE LEMBRAR DE ALLENDE E DA DEMOCRACIA



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