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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Minha solidariedade a Paulo Henrique Amorim (24fev2012)

O jornalista Paulo Henrique Amorim teve que fazer um acordo judicial com o jornalista Heraldo Pereira, em que se retrata por ligá-lo a Gilmar Mendes, por sua submissão a autoridades, e, afirma-se em alguns sítios e blogs, por tê-lo qualificado como "negro de alma branca", ou seja, aquele negro que busca mimetizar-se entre a classe dominante, assumindo, na prática, postura de quem renega sua própria raça e origem na busca de inserção e aceitação plena numa sociedade que é, sim, racista. E vai demorar muito para deixar de ser.

Tempos atrás, conversando com um de meus irmãos, ele deixou escapar uma "pérola", referindo-se a uns vizinhos seus, lá pelo início da década de 1960, quando ele era recém-casado. Vizinhos dos quais ele gostava muito, diga-se de passagem. Tanto que até hoje lembra-se deles com carinho. Mas a pérola foi a seguinte:

- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha lá, naquela casa abaixo da nossa. Eram pretos, mas eram bons!"

Eu quase caí da cadeira, pois sei muito bem que meu irmão não é racista e nem um preconceituoso empedernido (pois que preconceitos todos temos, em maior ou menor grau, e em geral não nos percebemos assim). Ele me olhou espantado, por não entender minha reação às suas palavras. Na sua ótica, ele estava elogiando os vizinhos. Aí eu chamei sua atenção pelo uso do termo MAS. Eu ouvi, de sua frase, o seguinte:

- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha... Eram pretos, MAS (PORÉM, TODAVIA, NO ENTANTO, APESAR DISSO etc. etc.) eram bons."

É a língua do dia a dia, construída na sociedade branca culturalmente dominante por séculos, que traz em seu seio, sorrateiramente, as cosntruções racistas que muitas das vezes utilizamos de forma acrítica, impensada.

O caso do jornalista Paulo Henrique Amorim é emblemático. Ele usou a expressão "negro de alma branca" para criticar seu colega por suas atitudes descoladas da história de seus antepassados.
Não vejo como PHA poderia ser racista, de fato, pois seu sítio mostra cotidianamente o quanto ele se bate contra preconceitos e, predominantemente, contra o racismo.

Discordo, por vezes, de postagens de PHA que considero exageradas, no terreno político, mas não deixo de ler suas postagens diariamente. Foi por meio daquele sítio que eu ingressei no mundo da blogosfera, descobrindo que havia vida fora do "pensamento único", e que eu não estava tão sozinho assim.

Foi por meio do sítio Conversa Afiada que pude acompanhar as maracutaias do PSDB durante as eleições de 2010, tentando eliminar a candidata Dilma Rousseff com o uso de estratégias sórdidas.
Portanto, sou grato a PHA pelo seu trabalho e me solidarizo com ele quando muitos tentam, com o uso atucanado do seu acordo judicial, impingir-lhe a pecha de racista.

Sobre o tema, indico a leitura dos seguintes textos: de Leandro Fortes, no sítio Brasília, eu vi, intitulado "Racista é a PQP, não PHA!" ; de Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania, intitulado "Paulo Henrique Amorim NÃO foi condenado por raciscmo". Concordo com os autores e assino embaixo, Por último, mas não menos importante, leiam a postagem "A verdadeira conciliação entre PHA e Heraldo", no sítio Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim.

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