Patente de genes, o cúmulo do capitalismo
Não vi na grande imprensa e acho que é uma notícia de extrema relevância, tanto pelo assunto específico quanto pelo precedente que cria o fato de um tribunal americano ter legalizado o depósito de uma patente sobre genes humanos.
Foi no estado de Utah, quando um tribunal decidiu que a empresa Myriad, ligada a farmacêutica Lilly, tinha o direito de patente sobre os genes BRCA1 e BRCA2, que têm forte relação com os casos de cânceres de ovário e mama. Estima-se que 10% dos casos das doenças em mulheres idosas estejam associados à presença destes genes.
O depósito de patentes foi questionado pela Associação Nacional para a Defesa dos Direitos Civis dos EUA, que alegou que se tratava de dar a empresa o direito exclusivo de pesquisa sobre uma questão de saúde da mulher.
Segundo a France-Presse, a Associação diz que, com a decisão judicial, a Myriad-Lilly detém “o direito exclusivo de realizar testes com os genes BRCA1 e BRCA2, e pode impedir que qualquer pesquisador sequer olhe para os genes sem primeiramente conseguir uma permissão”
É uma decisão inimaginável: privatizar o acesso de pesquisadores a genes humanos. E algo que o Brasil, de imediato, deve recusar acatamento. Privatização genética, não, tenham paciência.
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