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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Outra paralisação dos professores? (5ago2011)

Tristesse (Frederic Chopin)
Dilermando Reis


Todo mundo se preocupa com a greve. A greve é a última ferramenta que uma categoria quer utilizar para conseguir que suas reivindicações sejam atendidas. É um instrumento legal, constitucional, um direito do trabalhador.

No entanto, antes de se deflagrar uma greve, a categoria tenta por todos os meios abrir canais de efetiva negociação com os patrões - no caso dos professores das universidades federais, o patrão é o governo federal.

Como temos visto, vêm ocorrendo reuniões entre os sindicatos dos professores e um secretário do Ministério do Planejamento, e o governo avançou muito pouco, praticamente nada, de sua posição inicial, ficando muito longe de apresentar uma contraproposta razoável, que pudesse ser apresentada à categoria como elemento de análise sobre sua aceitabilidade.

Agora o ANDES-SN, como fruto da reunião do setor das federais (reunião de representantes de todas as seções sindicais do país), indica a realização de uma paralisação nacional nos dias 23 e 24 de agosto. Por quê?

A paralisação é mais uma iniciativa do movimento para tentar evitar a greve. Como?

Mostrando que a categoria está unida e disposta a manter suas reivindicações. É usual que o Ministério da Educação faça uma pesquisa, universidade por universidade, para saber como foi a paralisação, se ela de fato aconteceu. Esses dados serão o termômetro a ser utilizado pelo governo federal para avaliar seus próximos passos.

Uma paralisação bem sucedida, com ampla participação de todos os setores das universidades pode mostrar ao governo que realmente os professores estão dispostos a um enfrentamento e estão convictos da justeza de suas reivindicações. Ou seja, não se trata de um "desejo" das lideranças sindicais, mas sim de uma aspiração de toda a categoria. Isso pode levá-lo a pensar em apresentar propostas mais palatáveis aos professores.

Já uma paralisação fraca, morna, dará ao governo força para manter-se inarredável de sua atual posição. Governar é administrar pressões. Se formos fracos, as pressões de todos os outros setores, principalmente os conservadores e de direita, neoliberais, continuarão exercendo sua pressão pela diminuição das despesas. Aquela velha lenga-lenga de que o Estado tem que cortar seus gastos com pessoal etc. etc. E para isso a grande mídia dará toda a força, como até o reino mineral (se me permite, Mino Carta) já sabe.

Separados os professores são fracos e serão facilmente "tratorados" pelas forças do capital, que querem tudo para si e nada para o trabalhador.

Fortes e unidos, os professores serão inquebrantáveis. Sem os professores não há ensino, pesquisa e nem extensão. Portanto, a universidade não funciona. E isso não é exatamente uma boa propaganda para um país para o qual, agora, os olhos do mundo estão voltados.

Ou os professores marcam o seu território de defesa de direitos trabalhistas, ou o poder do capital deverará tudo. Dos direitos dos trabalhadores aos recursos naturais. O Brasil tem muita coisa de que o mundo precisa. Mas o capital não gosta de que ele tenha um povo exigente e sabedor de seu potencial. Isso dificulta a acumulação.

Informo aos recém-chegados à univesidade que, se hoje ela está aí é por consequência de uma resistência feroz dos sindicatos dos professores e dos técnicos, pois muitas tentativas de desconstruí-la foram feitas por Sarney, Collor e Fernando Henrique. Os trabalhadores das universidades resistiram trincheira por trincheira aos avanços dos projetos privatistas.

Muitas batalhas foram perdidas, mas muitas foram ganhas. E a luta continua, sempre!

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