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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Blogs e redes sociais - tecendo um gabbeh (30jun2011)

Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim)
Antonio Carlos Jobim
Jobim, mestre da tessitura musical, dos tons e timbres que se cruzam e se entrelaçam, contando uma fantástica história de sons brasileiros



A feitura de um blog é uma atividade cativante.

Lembro-me de ter assistido há alguns anos um filme franco-iraniano, Gabbeh, do diretor Mohsen Makhmalbaf. No filme vai sendo tecido um tapete. No desenrolar do filme, vemos que a tapeçaria vai contando, com figuras e símbolos, a história daquele clã que o teceu. Os bons e os maus momentos, tudo.

Vejo cada blog como um gabbeh. O blogueiro escreve suas impressões sobre temas com os quais se sinta envolvido. Traz para seu "gabbeh" textos de outros sítios e blogs que considera significativos.

A rede social é um somatório de gabbehs, com pontos altos e baixos, com a liberdade de expressão de cada "clã".

O blog é um retrato que se vai construindo no cotidiano, sem que o autor tenha exata dimensão de sua forma geral, e muito menos da final, porque enquanto ele vive e faz, o gabbeh não está pronto.

Ele vai simplesmente "contando histórias", desvelando-se, revelando dúvidas, limites, medos, visão de mundo... construindo um espelho de si mesmo.

Esses gabbehs podem conter contradições e mudanças de rumo, tal e qual a vida as constitui como fatos ou sentimentos.

Lembro-me também daquelas colchas feitas com retalhos, lindas algumas, nem tão lindas outras. Alguns segmentos podem chamar atenção por sua beleza, profundidade ou por não terem nada disso.

Permitir-se ser um tecelão cibernético é uma espécie de terapia.

Ao olhar o próprio gabbeh, o autor pode se (re)ver e se (re)conhecer. Pode, acima de tudo, estranhar a si próprio!


Alguém já disse que "o caminho se faz caminhando".

Assino embaixo.

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