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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

domingo, 10 de abril de 2011

Cem dias de Dilma pelas manchetes de O Globo (10abr2011)

100 Dias de Dilma

Análise Semântica dos títulos de O Globo (II)

Por Marco Aurélio Barroso

Ao término dos primeiros 100 dias do governo Dilma, apresentamos aos amigos mais essa pequena análise semântica dos títulos de O Globo. O tempo passa mas o perfume continua o mesmo, sendo a palavra crise a mais incidente: 5 vezes.

De chofre, urge separar entre os 100 títulos, aqueles que se referem mais diretamente ao nosso interesse: a administração presidencial. A relação Dilma x O Globo.

Com isso, descartaremos os títulos que nos vêm do Egito (9), da Líbia (7), de Obama&Líbia (3); de Obama&Brasil (1); do Japão (7), do Carnaval (6), do Esporte (3), do Desastre aéreo Air France (1) e de Realengo (3).

Do Egito, têm-se:
Egípcios desafiam tanques e ditadura de 30 anos balança
Oposição no Egito articula novo governo mas se divide
Oposição nega saída honrosa para ditador egípcio e exige renúncia
Ditador egípcio resiste e põe adeptos para atacar nas ruas
Ditador expulsa jornalistas para isolar Egito do mundo
Impasse no Egito
A praça derruba o ditador
Egito dissolve Parlamento e suspende Constituição
e, finalmente,
Regimes ampliam repressão à onda de protestos pró-Egito.
Com o egípcio já embalsamado, dois dias depois - porque a vida é curta - entrando na dança, mais um ditador do Maghreb, lugar onde - informam, os árabes - o sol não se põe nunca, mas, pelo que vemos, os ditadores balançam!

Conosco, Kadhafi.
Para seus grandes problemas e sua forte resistência, temos as consignações:
Kadhafi bombardeia civis nas ruas e diplomatas se asilam
Ainda mais isolado, Kadhafi diz que só deixa poder morto
Petróleo líbio cai à metade e preço dispara no mundo
Forças rebeldes já controlam poços de petróleo líbio
Confrontos chegam a Trípoli
EUA suspendem relações com Kadhafi
Cessar fogo não convence e Obama dá ultimatum a Kadhafi
No dia seguinte, já com o americano no Brasil, O Globo estampa:
Obama ordena ataque à Líbia
E, para terminar, temos:
Desarticulação de aliados ameaça operação na Líbia
No Municipal, aqui na Cinelândia, o americano diz e O Globo espalha:
Brasil dá exemplo de democracia ao mundo árabe
Afirmação ridícula mas cujo significado e entendimento é de fácil percepção, pois é hábito humano só se elogiar o que se tem por dominado. Passemos!

Em cena, o Japão. Com 7 títulos seguidos, O Globo estampa:
Terremoto deixa Japão sob ameaça de acidente nuclear
Explosão em usina faz Japão reviver pesadelo nuclear
Problemas em sete reatores agravam crise no Japão
Terceira explosão em usina eleva risco de catástrofe
Radiação chega a Tóquio e mergulha cidade no medo
Japão perdeu o controle dizem EUA, Europa e Rússia
e, por fim:
Após uma semana, Japão tem 1º avanço contra desastre
Sobram-nos, então, os 60 títulos relativos estritamente aos assuntos nacionais.

Só nos resta ir a eles.

E sem dizer tudo, novamente, temos o quase secular jornal mostrando suas afiadas farpas contra o governo. Linguagem negativista, sempre a exalar rejeição, repúdio e recusa, O Globo, sem meias palavras, espalha catástrofe e medo para todo lado. Deus nos livre!

Querem ver? Lá vai:

Lula deixa para Dilma crise diplomática
superávit foi o pior
na briga por cargos PMDB e PT se biscoitam
provocam guerra PT-PMDB
País tem a maior inflação em 6 anos
grupos de extermínio em todo o país
enfrentar 12 projetos polêmicos
MST testa Dilma
Excluídos dos bancos são 40%
Tragédia e descaso!
Estado não tem alerta contra catástrofe
Colapso na Serra
deslizamentos e mortes na área de risco
Dilma suspende escolha
alerta contra catástrofe
Governo vetou
Centrais rejeitam
Senadores poderão receber até 50 mil acima do teto
Furnas fez negócio com firma ligada a dep
Furnas ameaça PT com denúncia
Primeiro apagão do governo é o maior do nordeste
Herança Lula limita começo do governo
Crise na polícia se amplia com novos investigados
indiciado por vazamento
Petrobras burla lei
Habitação popular perde quase metade das verbas
Maluf, mensaleiros e Newtão cuidarão da reforma política
Acredite se quiser, Tiririca
Na Cultura, uma crise para Dilma administrar
BC aumenta o juro pela 2ª vez no governo Dilma
Mantega já fala em aumentar imposto
BC indica mais restrição ao crédito
Brasil muda e agora apóia investigar os abusos do Irã
Saúde e educação não agem contra a fraude
Combustíveis sobem mais e pressionam a inflação
BC prevê "pressão" gigantesca
Interferência política torna FGTS-vale pior aplicação
Juízes alegam até calor para rejeitar o expediente integral
Angra 3 reduz exigências ambientais
calote aumenta e já preocupa
Estradas nunca mataram tanto
Belo Monte provoca crise internacional
Petrobras prevê aumento de gasolina.
Passemos às consignações do nome Dilma, isso, antes que o mundo acabe:
Dilma tem crise diplomática com a Itália
Dilma cobra explicação de general
Dilma quer identificar os torturadores da ditadura [nota minha: nessa frase, com o nítido sentido que O Globo lhe quer consignar, deveria ter escrito Revolução de 64 e não ditadura...]
Dilma vai ter que enfrentar 12 projetos polêmicos
MST testa Dilma com janeiro de invasões
Dilma suspende escolha de caça da FAB
BC de Dilma aumenta juros para conter inflação
Centrais rejeitam proposta de Dilma para novo mínimo
Herança fiscal de Lula limita começo do governo Dilma
Na Cultura, uma crise para Dilma administrar
Dilma: "Pibão foi bom", mas não se repetirá nos próximos anos
Dilma descumpre promessas mas distende o clima e ganha apoios
O mundo é isso aí e a imprensa - de um jornal só - carioca também o é.

Mas, à guisa de justiça, não podemos deixar de assinalar o que O Globo estampou ontem, dia 9 de abril:
- um título sóbrio e direto: Adeus, crianças!
- uma foto emocionante e triste de uma criança morta.
- um pouco mais abaixo, talvez em honra ao autor da chacina, ainda na 1ª página, lia-se o seguinte: Quadrinho maldito, já nas bancas [...] protagonista um travesti assassino: Dagmar.
Não seria isso algo mais do que insensatez! Não seria desrespeito às lágrimas que caiam da parte de cima da mesma página? Onde esse jornal quer chegar?

Texto reproduzido do sítio do Luiz Nassif, publicado em 10 de abril de 2011.

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