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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

domingo, 17 de abril de 2011

Falta uma voz no debate econômico (17abr2011)

Os próximos dias serão de intensa difusão de vapor ortodoxo. Turbinada pela caldeira midiática, a pressão buscará acionar a manivela de mais uma alta nas taxas de juros. O Copom reúne-se na quarta-feira, dia 20.

Para legitimar um novo giro na rosca do juro mais alto do mundo mobilizam-se energias equivalentes às de um terceiro turno eleitoral. E, justiça seja feita, o dispositivo midiático, seu jogral de consultores e ventríloquos dos mercados, bem como seus aliados dentro do governo, sabem como manipular as expectativas econômicas para criar um clima de 'terrorismo inflacionário' praticamente colocando o Estado brasileiro nas cordas.

O governo e as forças progressistas balbuciam contra-argumentos. Nem de longe com a disciplina e sobretudo, a coesão em torno de uma mesma agenda como acontece no campo rentista. Há um ponto a partir do qual as expectativas dirigem o processo econômico. Ainda que as premissas sejam falsas - como falsas são as afirmações alarmistas de que o país cresce de forma descontrolada e muito acima do pleno emprego de sua capacidade produtiva - elas se impõem pela disseminação do medo.

As expectativas acabam servindo de gatilho para disparar aumentos generalizados, configurando-se um caso típico de profecia auto-realizável. A lição é muito clara: o contrafogo à guerra das expectativas - que será intensa contra este governo que não dispõe de um líder de massa à frente, como foi Lula - não pode limitar-se ao arsenal acadêmico e analítico.

Por mais corretas e serenas que sejam as ponderações que afrontam o rentismo engajado, seu poder de irradiação nasce limitado pelo filtro da mídia conservadora e pela ausência de uma liderança popular contrastante.

Falta um personagem nessa debate: a voz dos movimentos sociais, dos sindicatos e partidos - inclusive e sobretudo a CUT e o PT - que pretendem representar aquele que mais diretamente sofrerá os efeitos do arrocho ortodoxo: o povo brasileiro.

A ver.


Postagem de 17 de abril de 2011 no sítio
Carta Maior.

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